terça-feira, 4 de setembro de 2012

Baiana pede ajuda ao programa do Luciano Huck para reformar a casa de sua família no distrito de Pilar em Jaguarari





Baiana pede ajuda ao programa do Luciano Huck para reformar a casa de sua família no distrito de Pilar em Jaguarari


Confira a carta abaixo :

Meu nome é Manoele, tenho 22 anos, moro em Salvador-BA e a história que venho aqui lhe escrever se trata de uma tragédia que mudou a minha vida e de toda a minha família, em especial da minha mãe. Seu nome é Ivna Delânia: 42 anos, 4 filhos, casada com Fernando, pai dos dois mais novos.

Em 2009, minha mãe foi morar numa cidadezinha chamada Pilar (distrito de Jaguarari-BA), cuja economia se desenvolve em função da empresa Mineração Caraíba S/A. Ela deixou Salvador em busca de uma vida melhor para meus irmãos menores, pois ela já estava desempregada e meu padrasto, que também havia perdido o emprego, conseguiu uma vaga na Mineração Caraíba. E a princípio assim foi. Cada irmão com seu quarto, estudando em um bom colégio, sem a violência e sem o alto custo de vida da capital.

Vendo a situação melhorar e cansada de viver de aluguel, minha mãe e Fernando compraram um terreno. Não compraram uma casa pronta porque o dinheiro não dava e, além disso, o pai de Fernando é pedreiro, acostumado a construir casas e até pequenos prédios em Salvador.Estava tudo certo, sem precisar pagar o valor normal que se paga aos profissionais de construção, eles conseguiriam ter uma boa casa: grande, confortável e bonita pra toda a família. Venderam o carro, estouraram os limites dos cartões e contraíram empréstimos pra comprar o material da casa.

Com o tempo, meu padrasto, único que obtinha renda na família, não pôde mais suportar as despesas, e minha família se viu obrigada a entrar na casa. Quando isso aconteceu, a casa ainda não tinha telhado, não havia reboco, porta, fossa, encanação, piso, nada. Na realidade, existe uma determinada área da casa que possui laje (existe um andar superior), então, o quarto em que eles dormiam, o banheiro e a cozinha eram cobertos. É então, Luciano, que começa a dor das nossas vidas. As economias que Fernando vinha pagando ao pai acabaram. Seu pai, Josué, começou então a não querer mais trabalhar na obra. Passou a arrumar outros serviços e a enrolar pra fazer as coisas na casa. Minha mãe, sabendo que precisava dele, se viu obrigada a aguentar a má convivência. Palavrões, grosserias, serviço mal feito, alcoolismo. Foi então que ela lhe propôs cobrir a casa, que assim ele poderia voltar pra Salvador e seguir sua vida. Ela estaria feliz em sua casa, mesmo com todos os filhos e o marido no mesmo quarto (o andar de baixo tem apenas um quarto, os outros ficam no andar superior). Mais tarde, quando ela tivesse condições de pagar outra pessoa, terminava o andar superior. Daí, até eu me dispus a contribuir financeiramente com o material da casa. Como recebo um salário de estagiária, comprei os blocos que precisavam para terminar o andar de cima, e minha avó ajudaria com o telhado.

Josué então, junto com seu outro filho, Moisés, resolveram cobrir a casa. É aí que entra o meu irmão: Luan Andrade Farias de Deus, 14 anos. Ele sempre quis ajudar com as coisas da obra, mas minha mãe não deixava, pois sabia o quanto é perigoso uma construção. No dia 05 de abril deste ano, Luan decidiu ajudar a subir os blocos, mas, cansado e com as mãozinhas machucadas, queixou-se com Moisés. Este, tendo uma “brilhante” idéia, mandou que meu irmão fosse para a varanda do quarto superior para esperar os blocos que ele puxaria através de um “elevador” sustentado na marquise da varanda. Foi então, Luciano, que a marquise desabou em cima do meu irmão, matando-o na hora. Graças a Deus, eu não estava lá, só cheguei depois. Mas vi e vejo o sofrimento diário de minha mãe, diante da irresponsabilidade do pai de seu marido em construir uma marquise errada, pois um engenheiro estrutural analisou o local e disse que ela estava mal feita, não estava amarrada. Minha mãe nada pode fazer, meus outros irmãos (uma de 09 anos e outro de 04) presenciaram o acidente, o concreto era pesado demais, ninguém conseguia sequer mexer um centímetro. Luan ficou exposto ali, parecia que todo o sangue dele tinha escorrido pela varanda da casa, aos olhos de toda a cidade, até que as autoridades responsáveis viessem de Senhor de Bonfim (uma cidade próxima) para retirar o corpo.

Tudo pareceu perder o sentido. Minha mãe não consegue voltar pra casa, não consegue sequer passar na rua, chora todos os dias, quase não come mais, não dorme. Meu tio está ajudando a pagar um aluguel pra ela, mas o contrato só é até novembro, quando a dona do imóvel pretende aumentar o valor do aluguel, impossibilitando que minha mãe continue a pagar. Luciano, nós estamos desesperados. As dívidas só aumentam, o que minha mãe tinha de valor (móveis, carro, até objetos pessoais) foi vendido. E a casa, que continua descoberta, não aparece comprador interessado. Foi aí que decidi pedir sua ajuda, Luciano. Vejo seu programa, e sei o quanto és solidário com os necessitados. Sei que é algo incomum, pois o “Lar Doce Lar” tem como função reformar casas, e não terminá-las de construir. Vi que eram necessários uns documentos, mas infelizmente a casa não possui escritura, possuindo apenas o documento de compra e venda do terreno e a ART da obra, mas que não tenho em mãos, estão no interior com minha mãe. Sinceramente, não sei a solução para essa casa. Se eu pudesse, a derrubaria e faria outra totalmente diferente pra minha mãe. Mas como não podemos jogar fora o que foi investido, precisamos terminá-la, mudar a aparencia para que pronta, talvez, ela consiga voltar pra lá.

Moro com meu pai em Salvador e não posso reclamar, pois graças a ele, vivo bem. Mas minha mãe está passando muitas dificuldades emocionais e financeiras e já não sei o que fazer para ajudá-la. Essa é a história da minha família, Luciano. E espero humildemente que você possa nos ajudar.

Com toda Fé em Deus e na sua solidariedade.

Manoele de Andrade Veiga.