Nem mesmo o erro em um atendimento ambulatorial retirou o sonho de Sara
Ludgero de Souza, de 15 anos, em um dia ser médica. O sorriso constante
esconde a dor e a cadeira de rodas é quem garante a sua mobilidade, mas
não deu para prosseguir os estudos. Há dois anos ela abandonou a escola,
porém jamais a vontade de um dia poder estar consultando os seus
pacientes. A transformação na vida de Sara foi toda ela motivada pelo
erro de uma técnica em enfermagem ao aplicar uma injeção.
Em fevereiro deste ano, o médico
Luis Felipe Vieira de Oliveira do Hospital Sarah de Fortaleza,
diagnosticou uma “Distrofia Simpático Reflexa” – transtorno não
especificado do sistema nervoso autônomo. Com todas as dificuldades
inerentes a uma família pobre, ela já viajou sete vezes à Fortaleza.
No momento, o sonho de Sara é fazer essa cirurgia de risco num
ambulatório da dor em Fortaleza, mas os R$ 35 mil para o procedimento
estão muito distantes do seu bolso. Fora ela, são seis irmãos e o pai,
José Pedro de Souza, é vigilante de uma creche. A mãe, Maria Luzinete,
de 52 anos, é apenas beneficiária do INSS. Na ponta do lápis, só um
milagre garante os R$ 800,00 mensais em gastos com fraldas e os R$
170,00 para as sessões de hidroterapia. Enquanto isso não acontece, Sara
procura o socorro médico que possa dar um basta nas fortes dores que
sente e ela voltar a caminhar sem a necessidade da cadeira de rodas.
“Enquanto houver vida, existe esperança e eu acredito muito em Deus”,
diz a adolescente no momento em que abre mão do sorriso e deixa rolar
lágrimas no rosto.